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Jovem À Rasca

O Blog: Se fosse comida era uma tosta mista, com fé de se tornar Francesinha. Se fosse desposto era xadrez, com fé de se tornar futebol. Se fosse bebida era água com gás, com fé de se tornar um mojito.

Jovem À Rasca

03
Abr18

Ponto final. Parágrafo. Novo capitulo.

Jovem à Rasca

Portugal não me quis e agora eu não quero Portugal. Vou emigrar.

Ponto final. Parágrafo. Novo capitulo.

 

Ando a evitar fazer este posto porque sinto que é de uma grade responsabilidade e quiçá poesia e por isso adorava começar com o típico "Hoje inicia uma nova jornada da minha vida e quero contar-vos tudo", mas não é possível.

A verdade é que o processo já começou à algum tempo.

Certo também que ainda estou em terras Lusas, mas como é óbvio o processo começa muito antes disso.

Primeiro a coragem de enviar o currículo. A troca de emails. As entrevistas. - Chamemos-lhe o Processo Burocrático, que não tem nada de interessante e zero de poesia.

O processo verdadeiro começou quando contei à minha família e a elas, quando vi lágrimas e quando as derramei nos braços de alguém. Imaginam o que é contar a uma avó que vamos para longe? Que já não vamos lá almoçar às terças e quintas? Como se diz a uma prima que já não passamos o Natal com ela? Como se encara uma mãe enquanto fazemos a mala? Como se diz às caloiras que não as vamos ver no Cortejo?

São estes processos que no final no dia nos inundam a almofada e são também eles que nos fazem perceber o que vamos perder.

Felizmente nunca tive dúvidas. Desde que a burocracia começou que me entusiasmei e soube que era uma oportunidade, depois de tantas frases feitas que nos diz que devemos aproveitar a vida, pronto aqui estava a minha chance, era pegar ou largar.

Peguei. Mas sei que tenho de largar muito.

Para já entretenho-me com a mala... Só queria deixar aqui a primeira bomba, para depois falar livremente sem ter de pensar em metáforas ou frases profundas.

Ponto final. Parágrafo. Novo capitulo.

27
Jan18

Cantos e Recantos de um Portugal encantado!

Jovem à Rasca

Ontem fui mostrar ao meu corpo que quando a cabeça não tem juízo ele é que paga, mas também lhe mostramos que somos imbatíveis (quando a outra solução é ficar a dormir ao relento no meio de uma serra).

Eu e mais duas amigas, ex-amigas depois de ontem, fomos a Drave, a "Aldeia Mágica".
Se não forem Portugueses sadomasoquistas, com grande ânsia de serem espezinhados pela exaustão, certamente não sabem onde se localiza esta magnifica aldeia, esta Jovem à rasca explica-vos: quem sai do Porto e se perde uma vez, depois perde-se outra e quando acharem que está tudo bem, descobrem que se perderam a terceira vez, vão dar a Regoufe, uma aldeia em Arouca e seguindo o trilho PR14, chegam a Drave.

Embora o trilho em si comece em Regoufe, tirem a câmara fotográfica no início da viagem porque as estradas que serpenteiam a serra têm paisagens dignas de serem emolduradas. No entanto, neste carro, as viagens pelas montanhas são feitas a rezar para que não venha nenhum carro em sentido contrário e para que o carro não fuja pela ravina abaixo, logo não temos fotos dessa altura tão bonita e descontraída.

IMG_2517.JPG

Em cima podem ver Regoufe, na descida para a aldeia pode-se ver placas que nos aconselham a estacionar o carro e ir a pé pelas ruas da aldeia. Quem avisa teu amigo é e de facto é uma aldeia anti-carros (na verdade é anti-pessoas também porque ia-me dando o badagaio a percorre-la). 
A beleza do mundo rural é que entramos numa dimensão em que tudo é lindo, secalhar é porque pela primeira vez desvíamos o olhar de um ecrã e percebemos que o mundo é realmente soberbo e até a pedra no chão nos faz dizer "eina isto é magnífico" e de facto é. Depressa fomos cumprimentadas pela população que pelos meus cálculos devem ser umas 4 pessoas, mas todas nos falaram com a familiaridade e simpatia de quem vê um primo afastado. Na aldeia somos todos primos não somos? 

Para cada pessoa há 3 galinhas, 4 patos e 2 perus e 5 cães a passear pelas ruas, cumprimentados todos atravessamos a pontezinha que marca o início do trilho propriamente dito, embora a sinalização deste começa na capela de Regoufe.IMG_2556.JPG

No início fomos logo metidas em sentido. Uma subida acentuada em que o solo eram pedras, de maneira que não só tínhamos de usar o cérebro para pedir a Deus algum oxigénio, como também tínhamos de usar a nossa álgebra do 12º ano para calcular qual a pedra mais estável para por o pé. 

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Depois de um workshop de cabras que nos mostraram como andar naquele terreno, lá chegamos à segunda fase do percurso.IMG_2528.JPG

 

 

 

 

Nesta fase o trilho é a descer com direito a um piso mais seguro e fácil.
O único problema é controlar a respiração para que as fotos não fiquem todas tremidas. 

 

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 Na maioria dos blogs relativos a este trilho vão encontrar que "depressa conseguem ver a aldeia de Drave ao fundo. Neste blog da Verdade eu digo-vos: passado muitoooooo tempo, depois de uma curva à esquerda, conseguem avistar Drave lá bem ao fundinho!

Quando o virem andem mais e mais e mais e chegam à terceira fase do percurso, em que a largura da passagem diminui, o piso volta a ficar mais irregular, mas passável e entre murinhos e xistos vão chegar a Drave.


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Em Drave voltamos a ser crianças, o que foi uma péssima ideia, mas que só íamos perceber no caminho de volta. A energia, gasta a trepar às casas (desabitadas) e subir por caminhos duvidosos, ia ser precisa. 

Embora seja um trilho penoso de fazer no Verão, porque não há qualquer sombra durante todo o percurso, a pequena piscina natural criada ali dá vontade de voltar quando o sol estiver a queimar só para poder tomar banho naquele recanto. IMG_2768.JPG

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 O caminho de volta é o mesmo mas em nível II de dificuldade. O que antes era a descer, agora é a subir e o que era a subir era a descer, ou seja, a facilidade da segunda fase do percurso desapareceu e embora as paisagens sejam dignas de filmar o Senhor dos Anéis ali, iam ser precisos 6 filmes para que Frodo chegasse ao destino! A primeira/última fase, se o piso já era difícil a subir, imaginem a descer... as pedras podiam ser verdadeiras minas e se puséssemos o pé na errada, chegamos bem mais depressa ao fundo da ravina.

IMG_2877_LI.jpgIMG_2918 (2).JPGIMG_2885.JPG

 

 

 

 Acabado o trilho em si, não suspirem de alívio, as ruazinhas giríssimas de Regoufe, transformam-se no nosso pior pesadelo.

É TUDO A SUBIR!

A partir daqui acabaram-se as fotos, acabaram-se os sorrisos, acabou-se a diversão e acabou-se a diversão.
O café da vila deu-nos força para fazer a viagem de regresso a casa. O corpo foi recompensado com McDonalds.

 

Duração: demoramos 5h30
Facilidade: é perfeitamente possível, mas com queixas pelo caminho
Sinalização: o percurso é evidente
Notas: levar comida, água e é possível também levar cães.


Fomos derrotadas por Drave, mas completamente rendidas a Portugal.




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